23.8.10

Recorrentes...

Sempre que tenho sonhos estranhos, peço luz!
Num simples ato, sincero e sem intenções maiores,
sempre que tenho sonhos estranhos, peço luz!
Se há lembranças andantes, num ato simples,
na solidão de um canto meu, peço luz!
Esse sempre, vem recorrente e
continuo pedindo...peço paz e luz!

19.8.10

'Esse tempo'

''Como sois tola, criança
pois não me cres quando em vez
mesmo dizendo não temas,
vês o que o tempo quis mostrar
e deliras
ao interpretar essa parte da natureza!

Esqueces que esse tempo
pode ser pueril e traiçoeiro
quando responde aos atos impensáveis
negativos, mas seculares
heranças ancestrais
que muitos se negam a ver

Esse tempo me veio,
é verdade
sem avisar da sua passagem
movimentou os meus caminhos
como se nele fosse reinar
Sabia que eu seria tola
pois cria numa alma boa
que a mim veio apresentar
uma infinidade de outros caminhos
que jamais sonhara poder trilhar

Caminhos sublimes,
dotados de uma simplicidade
que não tem explicação
com pouco, tirou todo o velcro
a tapar o olhar para o mundo
e os bons, maus a rodear

Mas o tempo, guerreiro
também tinha um quê de fragilidade
que na sua crença autosuficiente
de que fiéis suas fendas são
impensadas passaram
qualquer força ou ato
dessa lealdade quase que
voraz, a lhe mudar as rotas
a lhe fazer fulgás

Sim, sois tola!
pois já houve o dia em
que a natureza ameaçou tomar do tempo sua parte atroz
esse ser tão caro, parte de uma criação divinal
é apenas um grão, sequioso de viver sua missão
de ser uma bela passagem, tão sincera quanto as vontades
de conseguir levar-te a paz

pois paz é seu maior desejo
harmonia entre todos os tempos
sua certeza é uma verdade
haverá um dia em que a realidade
se revelará,
começo, meio, contínuos
passos do que foi um dia,
do que é o dia
do que um dia foi,
do que um dia será!''

17.8.10

Drummond [Verdade]

"A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia."

16.8.10

[Medos]!

"Os medos...que temes? Que tememos?
Não. Tenho? Medo!
Não tenho medo de rupturas. Temo o acreditar!
Não tenho medo do 'tempo', mas de sentir a 'esmola' de um sentimento!
Não tenho medo dos caminhos, nem dos que inrropem os além dos seus. Tenho medo de um dia também desejar e 'inrromper'!
Não tendo medo das passagens corriqueiras, nem mesmo do cotidiano. Tenho sim, de acomodar-me com elas, só pelo prazer de haver a volta, do continuar!
Não tenho medo da indiferença. Tenho medo...de um dia também sentí-la e igualar!
Não tenho medo do amanhã. Mas como temo o vazio, a necessitar de linhas, cores!
Não tenho medo do oculto, mas de um dia também querer seu contrário!
Não tenho medo da experiência, porque sua falta é também o começo. Temo a piedade an[dante]'s!
Não tenho medo da parceria, dos interesses...temo que parte de mim interfira!
Não tenho medo do distante. Tenho medo de não sentir mais o respeito ao começo!
Não tenho medo do dia. Temo a minha consciência amanhã a cobrar!
Não tenho medo da vinda. Temo o escondido a me revelar!
Não tenho medo do ontem, mas de crer que é imaturo não questionar!
Não tenho medo do poder, mas do que ele consegue provocar!
Não tenho medo do sonho. Temo não merecer sua permissão!
Não tenho medo do medo. Temo não sentí-lo, impedindo o antônimo de chegar!
Então, não tenho...
o medo, não...
só temo
o tempo em que o 'todo' vier cobrar,
o que o medo [já não meu],
melindroso,
realizou temeroso
ao que um dia acreditou
não temer. Viveu?!"

10.8.10

"Mileeeena...tu não conhece política!"

Segundo Sartre, o homem primeiro existe e só depois se define (tenho lá minhas considerações). Possibilidades de cogitá-la sob um viés político, às vésperas de uma campanha eleitoral e logo para o cargo mais importante do país?
Nãaaaaaaao, não me atreveria a fazer tal coisa! Afinal, seu Borega disse hoje: "Mileeeena...tu não conhece política!" (rs)

À espera do meu 'verdinho', no portão de casa, entre mim e seu Borega acontecia uma conversa empolgada que girou em torno da entrevista da Dilma Rousseff ao Jornal Nacional na noite de ontem e que, na realidade, parecia tudo (precisamente um bombardeio), menos uma entrevista.
A tentativa do Bonner de desestabilizar a candidata petista e sua expressões contrariadas eram senso comum. Quando ela começava a responder à altura, cortavam-na; o que aliás, deu-se com a Marina ainda a pouco. Só que não é segredo para ninguém que a Globo, a Band e outras redes fazem campanha oposta ao Governo e pode-se observar facilmente desde as grandes às pequenas ações. Logo, Dilma na presidência significa continução - a priori - do Lula. Isso quer dizer que a ainda grande potência continuaria sem os mesmos privilégios de outrora. Como seu Borega é admirador e defensor fiel do Lula, cada palavra, gesto e etc não passavam despercebidos...e dá-le discussão, discussão, discussão...(rs).

Ao final, chegamos a um consenso nada original: em política, inimigos de hoje, aliados de amanhã!
A crise que se instalou no período pré-Lula ao acharem que ele faria do país uma verdadeira revolução foi alarme falso, contrariando as expectativas e fazendo com que o país crescesse (são inegáveis as melhorias feitas/acontecidas durante os últimos oito anos); as alianças com antigos opositores foram motivos de críticas quase crueis e deturpadoras do governo atual e a popularidade subindo, a aprovação nacional e internacional constantes;
as tão famosas concessões - deixo de estar hoje, para amanhã entrar com 'chave de ouro', que aliás vale para além do cargo de presidente - e uma infinidades de coisas mais!

Admito que as primeiras entrevistas, debate, notas, metas apresentadas da Dilma não me convenceram. Talvez nos próximos dias possa ter uma idéia melhor; são as primeiras observações...mas ainda não consegui ver nela a 'segurança', para alguém que deseja ser presidente de um país tão cheio de contrastes e interesses opostos como o nosso.
Li que alguns cientistas políticos já dão sua vitória como certa, mas o certo mesmo é que Dilma não é Lula, apesar de a ligação entre eles e o apoio do presidente serem seu maior trunfo. Sem isso, dificilmente estaria com os percentuais de hoje, isso é fato. Ela ainda era em grande parte do país uma desconhecida até pouco tempo (quantos brasileiros sabem quem é o Ministro da Saúde ou da Cultura, da Casa Civil? ou quem são seus senadores, deputados??? Se formos pensar bem, são esses que, no frigi dos ovos, decidirão essa eleição!) e sua campanha agarra-se às barras do que foi/é o governo Lula. Se sua vitória se confirmar, não haverá dúvida de que os méritos não terão sido dela; pelo menos não na vitória. No decorrer do mandato são outros 'quinhentos'!

Assim como toda a minha casa, sou fã/admiradora do Luis Inácio Lula da Silva por toda sua trajetória desde a época de sindicalista [com suas derrapadas, falhas e tudo mais!] e, em especial, pela sua perspicácia filha da mãe (pra mim, um componente importantíssimo no seu bem sucedido governo)! A mesma perspicácia e jogo de cintura que faltam à Dilma e que no debate de ontem foi possível observar. Uma pergunta como a da aliança com Sarney e do Collor poderia facilmente ser 'rebatida', pois quem praticamente elegeu o último foi a Globlo e um dos maiores benfeitores da mesma foi o Sarney, durante seu governo.

Bom... a discussão continuou, meu verdinho chegou e mais um dia se foi.
Um detalhe: esse texto não é de oposição à
Dilma Rousseff, muito pelo contrário. Por 'n' motivos estou inclinada a votar nela. Contudo, meu voto será consciente e para se confirmar, ela precisa me convencer de que nesse caso, vale a pena dar - literalmente - o 'voto' (de confiança!). Pois, se para alguns ela não tem visão política; para mim, salvo os nervosismos naturais e algumas derrapadas quanto a dados/órgãos entre 0utros, é muito cedo para tal afirmação. Gostaria sinceramente de ver mais nela/dela! Esperemos os próximos dias!
But...wait a minute: tinha esquecido! s
egundo seu Borega, não conheço política...então...que entendo mesmo de visão política para discordar dos 'cientistas', heim?! (rs)

Ps: Amiga? Eu bem que tentei, mas quem disse? Nada direto!

Ainda conseguimos confiar!

Não é de hoje que os coletivos ludovicences são tomados em diferentes bairros e horários por vendedores de balas, pessoas com tristes histórias, sofredores errantes vindos de interiores pobres com um parente doente, tias que buscam ajuda para um sobrinho enfermo, filhos desesperados porque não podem comprar remédios caros e necessários para sua mãe, deficientes e uma infinidade de outros casos. É bem verdade que em muitos deles, acham-se uma certa malandragem e estórias; e mesmo que muitos tenham consciência de que aquela pessoa a pedir-lhes ajuda está mentindo (não é difícil encontrar aquele pai de família desesperado no ônibus minutos depois em um bar, por exemplo), ainda assim, conseguem ser 'generosos' e acabam dando um voto de confiança e junto com ele, a ajuda pedida. Pode vir com algumas moedas ou mesmo com notas altas, mas nunca descem de mãos vazias. Assim foi a cena de hoje!

Um homem maltrapilho, com um triste história, um olhar meio fugidio pedindo às pessoas o que quisessem doar para que pudesse voltar à sua cidade de origem. Segundo uma passageira, não era a primeira vez que ele pedia ajuda e já há muito trazia consigo o mesmo discurso, a mesma vestimenta...apesar disso, praticamente todos os passageiros compadeceram-se de sua história e o ajudaram. Minha intuição dizia que havia alguma coisa errada ali e, apesar de o 'confiar' ser um dos meus lemas, fui uma exceção e não contribui, como costumo fazer.

Mas o fato de as pessoas terem ajudado, abrindo suas bolsas de imediato e buscando o que podiam dar, deixou-me pensativa e (confesso!) sinceramente feliz. Feliz porque fez-me sentir o quanto somos um 'povo' prestativo, que acolhe, que socorre, que confia...nem tudo está perdido (rs)!

3.8.10

Movimento Negro Maranhense de Luto

O Movimento Negro Maranhense amanheceu de luto nesta terça-feira!
Foi por acaso que soube da morte do coordenador do Centro de Cultura Negra, o engenheiro Magno Cruz, hoje pela manhã. No espanto, questionei: "Hum?! Como?!". Incrível como essas notícias quase sempre me chegam de 'sopetão'!
Não o conhecia pessoalmente, mas seu nome dentro do movimento negro local é lendário; e há poucos dias foi citado numa conversa sobre o movimento e quem realmente trabalhava em prol causa negra; visto como referência, dentre os poucos que realmente vestem a camisa do movimento negro no Estado. E ao ver a admiração e o respeito nos olhos de um querido amigo, ao falar da perda que sua morte representava, acredito realmente que Magno Cruz significou para além disso!
Fica aqui minha homenagem e desejo de uma boa passagem!
Que a causa que ele tanto defendeu, seja, sob as lutas de grupos comprometidos e engajados não só do movimento, mas da sociedade como um todo, concretizada.
Axé!

2.8.10

Eles novamente...

Manhã de segunda...mesa da cozinha...

- Rasa: "Mãe? Três sonhos quase consecutivos e com mesmo enredo, de sexta pra cá, com isso, aquilo..."
- Mãe (levando a sério, sem admitir!): "Não te impressiona. Pense sempre o melhor!"
- Rasa: "Eu sempre penso!"

...em pensamento: "Fez-me lembrar do sonho com o maravilhoso Milton...no dia seguinte...Não! Desanuveando...pura coincidência...ou energias???"
Inclinada a me preocupar com amigos queridos!

1.8.10

Céu ou Mar...tudo se transformou em encantamento!

Não sou 'crítico' musical e talvez nem seja a pessoa mais indicada a falar sobre isso, nem esse texto tem tal pretensão; mas música sempre foi uma paixão em minha vida e, independente da forma, ela faz parte do meu cotidiano. Por isso, acredito que o fator principal - que me faz escrever essas linhas é o que senti na última noite: encantamento!
Ontem em São Luis aconteceu o show da cantora mineira Ceumar. Trazida pela Produtora Musicália, que tem entre uma das direções um dos meus rasinhos mais queridos - Gilberto Mineiro -, a cantora apresentou aos ludovicenses o show "Meu Nome", último disco de sua carreira, lançado em 2009. O Show integra o Projeto Conexões Musicais, da Musicália, que busca, entre outros, uma interação entre artistas nacionais e locais. Nesse show, quem abriu e dividiu o palco em três canções com Ceumar foi a maranhense Tássia Campos.

Para mim e os ralados o show foi a comemoração do aniversário de Poly. Um pré-aquecimento na Praia Grande, seguimos para o Teatro João do Vale. Uns minutos mais, o show de abertura e após, a estrela da noite. Interessante que nesse momento, mal Ceumar entrou, pensei alto e disse à Luca: "Ela entrou de Iansã!". Em seguida, vem Albert dizendo o mesmo (rs). Tudo isso, porque Ceumar entrou toda de vermelho, com os cabelos naturalmente revoltos e belos, constratando com seus olhos claros; e o que mais gostei (que, para mim, compôs o conjunto): estava descalça! Curiosas algumas sintonias...

Voz e violão, Ceumar cantou músicas inéditas e alguns sucessos de sua carreira como Dindinha, do meu conterrâneo Zeca Baleiro. Afinadíssima, passeou pelo palco com segurança e serenidade, interagindo com a platéia.
Parecia atenta a tudo e, ao mesmo tempo, liberta, como se fossem apenas o palco, sua música e ela. Até aí, normal dentro das muitas apresentações que vi até hoje, considerando que cada artista tem uma personalidade musical e isso infere nas suas apresentações, postura e etc.
C
onfesso que há tempos não assistia a um show tão bom, desde o da maravilhosa Bethânia, em Lisboa. Mas meu encantamento não se deu pelo conjunto de tudo isso que escrevi até agora...

Houve momentos - especialmente em duas músicas que não me recordo sinceramente os nomes - que ao vê-la no palco, ao linkar melodia e letra, do nada, fui tomada por uma emoção tão forte, um encantamento tão grande que quando me deparei, senti algumas lágrimas descerem e me veio uma sensação boa de que não era à toa eu estar ali. Não sei explicar! Só senti e foi muito bom!
No final, cheguei à modesta conclusão de que apesar do vermelho que a compunha, ela estava mais para Iemanjá, nos seus momentos de calmaria, de mar!
Obrigada à Ceumar por me proporcionar esse encantamento e aos meninos por me terem levado!