18.2.09

Tudo que chega, chega sempre por alguma razão

Esta semana recebi uma mensagem, mas só hoje a li e dizia: "Tudo que chega, chega sempre por alguma razão", de Fernando Pessoa. Em princípio, como dizem os portugueses, eu não me atentei para o conjunto da mensagem, apenas por esta frase, que ficou martelando em minha mente todo o dia. De repente, baseada em vivências recentes, reflito comigo mesma, mais uma vez, sobre como a vida é cheia de suas surpresas. E mesmo estas não deixam de ter suas nuances. Como as têm e como confundem-nos!!!

É incrível perceber como reagimos a determinadas situações - imposições da vida e do tempo...o medo, o receio, o desejo, a saudade, as descobertas, as percepções, os falares, os saberes, as situações, os riscos...
Talvez por isso, ainda mantenha uma posição diferente em algumas situações, apenas minha!

Estaria seu Fernando Pessoa certo?!

8.2.09

O roxo cru da Basica!

Algumas pessoas em nossas vidas passam tão rápido, que quando nos damos conta do quão importante foram e são, já não temos a chance de poder tocar, sentir, ouvir, aprender, amar...
Eu tinha (e sei que ainda tenho!) alguém assim. Já não posso tocar, ouvir, aprender, mas ainda posso sentir e amar. E isso vai ser pra sempre! Porque sempre que me olho, vejo-a; sempre que canto, sinto-a; sempre que me sinto afagada, sei que também ela lá está!
Hoje seria pra ela e é para mim, uma data especial.

Todas vezes que o dia 8 de fevereiro chegar, ela vai povoar como nunca minha mente e meu coração. Vou lembrar de sua linda figura (austera, às vezes; segura, forte!) ao meu lado, na varanda da minha casa, a contar história dos meus antepassados, a ensinar-me sobre a vida, a cantar seu hinos; assim como vou me lembrar das vezes em que fugia dela por causa do catecismo, das missas e ela sempre lá a me puxar (rs). Herdei muitas coisas deste ser, que teve que se impor num tempo cheio de preconceitos, o que deve ter motivado muitas de suas atitudes, nem sempre entendidas e nem sempre certas, talvez! Mas com certeza, sempre por amor aos seus!

Sábio aquele que sabe aproveitar a benção que é ter alguém em sua vida como eu tive, mas que pouco aproveitei! Por isso, hoje, aproveito a de ter pessoas lindas, de sangue e de coração, ao meu lado!
Sempre teu roxo cru!

2.2.09

É 2 de fevereiro!

O mar sempre me fez sentir em paz. Ficar horas de frente para ele, seja dia ou madrugada, acompanhada ou só, vê-lo, sentir sua maresia, molhar pés ou mãos, como se a pedir sua benção foi, era e é uma constante em minha vida. Por quê? Não faço idéia! É uma atração espontânea e desejada! E mar me lembra sempre ela...dona Iemanjá!

Há um ano fiz um post sobre religiosidade, pegando como gancho o dia das Senhoras das Águas. Hoje, as palavras são só para ela!

Um detalhe: não sou da Umbanda, Candomblé ou Mina, nem estou fazendo apologia às religiões de origem africana, até porque respeito todas as formas de culto, desde que sejam para o bem (real ou não)!...mas por alguma razão a figura simbólica de Iemanjá me encanta, bem como os ritos, figuras e 'doutrinas' afros: batuques, vestimentas, linguagem, cores, histórias e tudo mais.
Apesar desse encantamento, ainda não conheço bem sobre as religiões de matriz africana, mas sou muito curiosa! Gosto de conhecer, entender e às vezes, dependendo do contexto, até mesmo participar! Sempre respeitando os espaços desconhecidos...

No primeiro texto falei sobre o significado do nome desse orixá africano - Rainha do Mar, Janaína, Senhora das Águas e tantas denominações - que comanda os mares, que protege os pescadores, que é vaidosa, que é mãe!

Agora, só posso dizer: Odo Iyá, mãe Iemanjá!


"Quantos nomes tem a Rainha do Mar?

Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá

Onde ela vive?
Onde ela mora?

Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar

O que ela gosta?
O que ela adora?

Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.

Como se saúda a Rainha do Mar?

Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,

Qual é seu dia,
Nossa Senhora?

É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.

O que ela canta?
Por que ela chora?

Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar. ..."

(Iemanjá Rainha do Mar/ Capinam e Roberto Mendes)
Maria Bethânia - Mar de Shopia






1.2.09

Democracia ou pseudo-democracia?

A comunidade remanescente de quilombo de São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano abriga cerca de 300 famílias, que como na maioria das comunidades quilombolas espalhadas pelo Brasil, incluindo as de Alcântara, no Estado do Maranhão, vive da pesca, agricultura de subsitência e artesanato, além de possuírem uma cultura imaterial herdada dos seus antepassados como a capoeira, o samba de roda, o maculelê, etc. Trata-se de uma comunidade que não vive só de suas heranças ‘culturais’, mas também de uma herança histórica de intolerânica e discriminação, aliada ao interesse econômico: as disputas territoriais – fazendeiros x quilombolas.

Infelizmente esse tipo de disputa e todas as consequências que dele resultam têm sido uma constante no país e mais uma vez se repete, fazendo outras duas vítimas: Altino Daruz e Maria das Dores Correa, quilombolas de São Francisco, que morreram em virtude do desgaste provocado pelo constante constrangimento e ameaças que sofriam dentro da própria comunidade e por parte dos fazendeiros vizinhos. (Dados: Fundação Palmares)

Denúncias foram feitas, comissões formadas e já se busca resolver o caso, mas fica a pergunta: Se estamos em meio a um processo (demorado, mas efetivo) de democracia e inclusão social, sobretudo relacionado à questão negra, já que o país tem mais da metade da população formada por afro-descendentes, de que forma o Governo brasileiro vem se manifestando em prol destas comunidades?

Ações públicas e privadas voltadas para esta questão e ‘comitês’ de apoio à sítios remanescentes de quilombos estão sendo ‘articuladas’, mas a impressão passada é de morosidade. Num meio onde muitos interesses encontram-se envolvidos, ainda que denúncias sejam feitas e ações propostas e até mesmo executadas, parece haver sempre uma ‘pseudo conciliação’, ou seja, os casos são postos em questão, movimenta-se sobre isto, mas no fim, as resoluções são secundárias ou simplesmente estagnam-se até que um novo processo/ação aconteça. Vão se estendendo por tempos infindos.

Não se trata de uma crítica destrutiva ao Governo ou às ações envoltas neste tipo de problema, mas apenas uma observação acerca de uma questão que vem se repetindo de geração em geração, sem se chegar a um consenso. É óbvio que muita coisa mudou, que muito se conquistou e a tendência é melhorar; que o trabalho de muitas entidades, órgãos e etc tem sido de fundamental importância para que muitas coisas estejam em andamento e/ou já tenha sido uma realidade – as titulações são um exemplo real do que tem sido desenvolvido.

É também claro que para um país com uma herança histórica como a do Brasil, torna-se quase impossível mudar as coisas do dia para noite, e que este é um ‘trabalho de formiguinha’, requerendo paciência e perseverança. Mas nem por isso, pode-se deixar que este estado de passividade perdure, pois no ‘frigi dos ovos’ é o que tem acontecido.

Imaginar um idoso ou mesmo um trabalhador que construiu sua história sobre uma espaço, assim como sua descedência, deixando em cada porção de terra seu suor, seu sangue, sua vida, ser expulso porque um ‘senhor do engenho versão século XXI’ anseia por suas terras (detalhe: terra quilombola!) é no mínimo desolador! Implica em não estar vivendo numa democracia, mas regressando camufladamente a séculos atrás!

O Governo tem sua responsabilidade neste embate, as entidades têm seu papel, cada pessoa tem sua cota de participação não só com relação à questão negra, mas com as que envolvem desigualdades e inclusão social em geral, desde as ações mais simples às mais complexas.

Ainda coloco a educação como base, a começar pela primeira escola que é o lar e a desenvolver-se pelos caminhares futuros; e desejo que pensamentos como:

“Se cada um fizer sua parte, chegaremos lá!” e/ou “Um dia seremos um país onde não haverá desigualdades e as diferenças serão respeitadas, pois fazem parte de muitas culturas num só espaço territorial” não sejam apenas figurativos, mas uma realidade!

Entrei na onda...!

Quando tinha uns 3 anos, mesmo muito criança, já desejava muitas coisas...era muito curiosa e muito 'traquina' também. Depois, com o passar do tempo, os sonhos foram se transformando em desejos - desejava muito...quis ser professora, jornalista, viver um romance de filme, dirigir meu próprio carro, ter um irmão com dez anos de diferença de mim...
Hoje, ainda sonho, desejo...mas estes vêm com um 'q' de esperança, de saudade do que ainda nem vivi, de fé!
  • Ontem
1. Eu era uma criança que queria ser gente grande antes do tempo!
2. Eu queria ser a heroína rosa dos Changeman!
3. Eu tinha medo do escuro total!

4. Eu sabia cantar música dos Beatles!
5. Eu adorava
deitar a cabeça no peito do meu pai!
6. Eu gargalhava
das minhas próprias traquinagens!
7. Eu duvidava do amor do meu vizinho!
8. Eu escutava Xuxa e Beatles!
9. Eu viajava
ao mirar o céu e suas estrelas!
10. Eu queria conhecer
a Mama Cass e Clara Nunes!
11. Eu vestia
o que mamãe queria até transformar no eu queria!
12. Eu me assustava
com a morte!
13. Eu esperava
estrelas cadentes caírem!
14. Eu dizia "Eu vou ser como ele!"
15. Eu bebia
Jesus e Neston!
16. Eu sonhava beijar o Marcelo e o Paul Newman!


  • Hoje
1. Eu sou Milena Reis!
2. Eu quero ser a heroína da minha história!

3. Eu tenho
os meus!
4. Eu sei
que eu posso!
5. Eu adoro cantar Clara, dançar Glória!
6. Eu gargalho dos meus erros!

7. Eu duvido de quem não me olha nos olhos!
8. Eu escuto o que quero!
9. Eu viajo ao mirar o céu com as 'minhas estrelas'!

10.Eu quero conhecer a mim mesma!
11. Eu visto
o que gosto!
12. Eu me assusto
com algumas atitudes!
13. Eu espero
a minha 'Bárbara'!
14. Eu digo
"Que venha!"
15. Eu bebo quase tudo!
16. Eu sonho beijar
o 'que for pra ser meu'!