28.9.10

Gita

Depois de um dia longo e quente, Raulzito me recepcionou, graças a Hugo Reis e ao 106,noite.
Em uma das minhas músicas prediletas de sua obra, ele diz: "Eu sou o início, o fim e o meio". Não saberia dizer agora o contexto no qual ela figurou (alguns dizem ter a ver com o hinduismo), tendo em vista a formação filosófica do Maluco Beleza e suas muitas metáforas (sim, muitas!), embora toda 'Gita' se ampare na contradição (eu sou a vela que acende, a luz que se apaga/raso, largo e profundo/o tudo e o nada). Mas posso trasnportá-la para o meu, que não anda lá muito poético e ao mesmo tempo repleto, logo, contraditório!
Provalvente, salvo esse advérbio, nenhuma semelhança; mas ouvindo, Gita me fez recordar uma 'leva' de coisas e pessoas, que, ainda sob esse viés, poderia ser:

Consolar com carinho e palavras sinceros amigos queridos e ao mesmo tempo ser egoísta; ser cobrada por todos os lados e não poder cobrar por 'n' motivos; a coragem e o receio da transparência; não ter medo das palavras e da paciência!
A fome de saber e a teimosia fulgás; as lágrimas fugidias e os sorrisos; o mistério nada oculto e as descobertas; o olhar firme e a timidez natural; o sabiá e o tom...os sonhos invasores e os recados, e a realidade; as energias espontâneas e as a mim enviadas; o encanto e o encantar!
O olhar curioso, firme e matreiro e o perceber; a sensatez e a espontaneidade...ou a razão e o sentir?
as ações que advém das metas que resultam na realização; o amadurecer dos anos e os aprendizados com o amadurecer...
Ho, Ho...Quer saber? Isso é sono! Complexidade demais para uma ''cabeça-só'' e um ''só-texto''. Se continuar assim, termino o post questionando se com tantos advérbios (que me perdoe Raul pela pretensão), um dia poderei dizer que sou o início, o fim e o meio! :p

19.9.10

Só pra relatar!

***
Essa virada de sábado pra domingo pra mim foi absurdamente atípica, corrida, trabalhosa e com algumas ruguinhas querendo chegar (alguns dias parecem tão longos e distantes que há horas em que desejo apenas ''uma'' paz, um momento!); mas terminou com o mar e com uma extraordinária visão! Talvez uma sensação solitária e de repente o é, mas nunca havia presenciado e sentido o mar como hoje. Lindo!

Na última sexta foi aniversário de uma pessoa muito especial pra mim, que ontem me brindou com uma noite maravilhosa, como se aniversariante fosse eu.
Lá estava eu em mais um sábado labutando quando recebo sua ligação: "se arruma que estamos passando ai!". Detalhe: Não era um pedido, mas quase uma ordem (rs)! Como também sei obedecer (rs)...
Éramos um trio. Como das outras vezes acabamos na praia, na madrugada; e já é praxis, quis molhar os pés no mar, que estava altamente revolto. Assim, sem me importar com seus movimentos bravios, mas respeitando-os, deixei os jovens na escadaria e desci. Escalando pedras aqui e acolá, cheguei na segunda fileira antes das que a onda batia com verocidade.
Nossa! Nunca - nunca - havia tido uma visão como aquela. Simplesmente um espetáculo da natureza! Talvez pelo fato de o mar estar alto e revolto ou simplesmente pelo fascínio que tenho, senti-me sobre ele, numa solidão desejada, numa sintonia particular, com uma energia espontânea e bem-vinda. Ao mesmo tempo em que temia aquela verocidade, fascinava-me a amplitude que ela/ele me proporcionava...então, por um minuto,
"lembrei"...do quanto venho me surpreendendo comigo mesma!

Não sabem esses dois o quão ''mágico'' aquele momento foi e o quanto agradeço por ele!

14.9.10

:)

Uma sexta-feira à avessa, um sábado e um domingo à avessa e uma segunda à avessa numa 'vi-a-gem' = a uma terça-feira com um puxão de orelha especial e bem-vindo...
...no dia que faz exatos dois anos, começava a jornada em terras lusitanas!
Depois do puxão, recordei só as boas lembranças e pessoas e agradeci!

10.9.10

Profissionais de onde?

Eu disse que não escreveria sobre isso, mas uma conversa com uma amiga, tem 10 minutos, me fez mudar de idéia. E não, esse texto não é pra ser certinho ou mesmo suscinto. Simplesmente veio!
Falávamos sobre as eleições de outubro, os programas do governo e as políticas públicas. Talvez tenha sido o fato de ela falar que o constante trabalho em determinados espaços te endurecem quando o que está em jogo é o resultado final desse - que em sua versão significa dinheiro na conta no final do mês -, que me tenha provocado. E tudo começou por conta de uma experiência recente em uma comunidade rural...

Nos meus últimos contatos com um desses sítios, tive acesso a uma equipe médica que trabalha com o Programa Saúde da Famíla, do Governo Federal. Geralmente é formada por um clínico geral, um enfermeiro, um odontólogo e um auxiliar. A comunidade recebe a visita uma vez por mês dessa equipe, coordenada pelo agente de saúde local, que organiza sua chegada, avisando os moradores, organizando as consultas e etc. Até ai tudo bem. O que me deixou encucada, pra não dizer decepcionada/indignada foi o descaso que um deles mostrou com a comunidade.

Trabalhar com sítios rurais, de difícil acesso, isolados, com infraestrutura mínima ou inexistente, onde alguns 'sacrifícios (?)' tem que ser feitos para a realização dos trabalhos de forma satisfatória requer mais que profissionalismo (técnico, ético), mas principalmente desprendimento. Muitas vezes vão se deparar com faltas: saneamento, higienização, desinformação; ignorância (entendam no sentido correto!) entre outras coisas; com pessoas já debilitadas por uma vida de privações que só querem um atendimento digno e respeito. Vão ter que andar quilômetros no sol, porque o carro não consegue entrar mais; passar por caminhos arredios, porque um paciente mora afastado dos demais dentre uma infinidade de coisas.
Nesse caso específico, as condições eram até boas. Uma estrada nivelada e de fácil acesso, tempo pequeno até o sítio, local preparado para receber a equipe. Entretanto, o profissional que deveria estar ali para suprir, dentro do possível e cumprir sua função não só médica, mas também social, mal olhava para os seus pacientes, sequer sabia seus nomes e mal esses terminavam de falar o que sentiam, a receita já estava em suas mãos. Para se ter idéia, uma pessoa chegava com problema de pressão e recebia um encaminhamento de exames para problemas no ovário. Sem falar na grosseria...Como pode? Para alguém que trabalha a mais de um ano numa comunidade, o mínimo que se espera é que esse saiba, pelo menos, reconhecer uma boa parte de seus pacientes, olhar para eles enquanto falam, pois tem todo o dia ali só para atendê-los e a demanda não é tão grande.
Claro que não estou generalizando e há sim, equipes comprometidas que desenvolvem ótimos trabalhos. Mas a responsabilidade é só dele? Não. É do município, é do Governo, é minha, sua...

Fala-se muito no fomento a políticas públicas e etc etc etc. Ok. Mas políticas públicas sem um alicerce, um aparato que as configurem de forma a terem efeito de nada valem. É um trabalho conjunto e todos tem que fazer sua parte, incluindo a comunidade. Só tem uma coisa...esse tipo de trabalho requer de quem se habilita para o mesmo 'vestir a camisa' do projeto e TRABALHAR. Fazer por fazer, contanto que seu salário esteja no fim do mês na sua conta e a comunidade que se contente por ele estar lá, não adianta.
É no dia a dia com eles que se percebe como a demora e nulidade parcial desses programas se efetivam. Se for falar de outros como o Bolsa Família, então...não seria um texto, mas um livro. São bons programas, há bons profissionais, mas, em muitos casos, não se prepara a comunidade para esse programas, para essas políticas. Torno a repetir que é um trabalho em conjunto: Governo Federal, Estadual, Municipal , sociedade e por aí vai...

O mais incrível, pra não dizer 'gozado' disso tudo é que, falando do contexto no qual pesquiso, surpreenderia-se quem conversasse uns minutinhos com alguns moradores desses sítios. Eles compreendem mais e melhor desses Programas, dos pontos positivos e negativos e de como eles poderiam ser melhor aplicados do que muitos de nós, que nos formamos, pensamos e trabalhamos para elaboração, implementação e execução deles. Como diria meu queridissimo Borega, 'tudo está no princípio das intenções, minha cara'! Quem sabe?

Continuam chegando...

'Neste universo de esperanças'...
pequenos atos, gestos singelos, porém sinceros; toques simbólicos mas cheios de uma energia que só vincula, nunca separa, independente do 'caminhar',
causam uma sensação e diferença inimagináveis se se pensar pela simplicidade do que foi o agir...

Assim,
quando 'o tempo...sempre ele a se manifestar', na 'terapia da paciência', vier ao encontro desses mesmos caminhos, se já houve a perda e os sentidos; se revelará o que era, mas nunca foi; e se foi, continuam!
Continuam chegando...complexidade que no fundo, é um simples delatar de sonhos
'radicalizando o que precisa ser feito'!