29.10.11

Terras de negro em terras da Santa

Santa Teresa D'Avila é uma santa espanhola que viveu no século XVI e em Alcântara, Maranhão, desde a presença da Ordem Carmelitana é padroeira e ''dona das terras'' de uma comunidade negra rural quilombola, cujo nome significa Pedra, Peixe e Rio.


P
oucos sabem sua origem e trajetória religiosa, mas há muitas décadas festejam a santa branca num misto de sincretismo, religiosidade, laços, tradição, cultura; hoje, com algumas nuances distintas, que aqui não cabe explicitar. Trata-se de uma celebração muito bonita e por si só, um campo de estudo de muitas possibilidades.

Ano passado foram três dias de marteladas, sobe e desce escada, cola aqui, suspende acolá, filma a saída, fotografa as danças, aprende a preparar o bolo de tapioca (ou pelo menos a moldá-lo, o que segundo duas jovens senhoras muito queridas me saí muito bem =D), acompanha a procissão, rever pessoas queridas, descobrir outras mais, os sorrisos infantis, a intimidade espontanea e muita sinceridade e carinho recebidos.

Assim como naquele, esse ano era para ser uma viagem de trabalho, mas acabou sendo também uma viagem de surpresas, a começar pelas companhias de um c. de xita e sinhá e dias antes de um raso e divertidissima e profissional Áurea, cuja cumplicidade e sintonia foram maravilhosas. Muitas apreensões e observações preciosas, que nesses três anos e meio a contar o primeiro contato não havia presenciado/compreendido/apreendido. Como pesquisadora foi um presente: espectadora de um ritual mais simbólico do que efetivo. Como pessoa e, de certa forma, hoje parte daquilo tudo, um 'renovar de forças' e também um distinguir das mesmas sob 'n' sentidos e formas.

Fica aqui minha homenagem
a Santa Teresa D'ÁVila de Jesus e àquele território étnico belo, complexo e rico, do qual muito me orgulho de conhecer um pouco e de tantas coisas boas que vivi por lá e a partir de lá.

Principalmente para ti, criança...

Se fosse falar dos territórios sob o viés que pensei, talvez Canclini e seu 'hibridismo cultural' fosse uma boa pedida. Mas aqui, usando o mesmo 'pensar', acho que Levi-Strauss e os 'mitos' viriam a calhar, só que talvez numa direção bem mais complexa, quase ancestral e de difícil entendimento (porque fácil) para um batalhão de 'pesquisadores da vida', no qual me incluo.
Nesse sentido, cachoeiras de perguntas me vêm ora ou outra por 'distintas' pessoas, buscando respostas plausíveis para aquilo que não precisa de respostas claras, e sim de 'sentires'. E começam: "Então, minha jovem, como se dá essa ligação? Sob que critérios? Como explicar todo esse batalhão?"
O mais tocante é que são questionamentos para a pessoa 'errada', sem perceberem que das mesmas inquietações padeço!

Algumas respostas estão no cotidiano, por isso, se responder, lá, onde fui fisgada pelo amor e a cumplicidade se fez convidar, estão minhas crianças, traquinas, cheias de vida e vontades, sem distinções alguma. Como negá-las? Também, minha amiga... que mulher, que cheiro e sapiência, uma dama; e dois rasos, rasíssimos, notáveis e queridos. Ganhei amigos que me tomaram pra si e que muito me honram a amizade e cada vez mais me fazem pensar nossos caminhos marcados por encontros,
amadurecimentos, elos, descobertas; lindas descobertas!
Sinto-me feliz e orgulhosa por ver, mesmo com pequenas falhas, a organização e seriedade com que seguem seus caminhos e preparam os dos seus e de contribuir um pouco com isso; faz sentir-me útil e privilegiada.
Queria ter o dom do desenho e das palavras para registrar os encontros, trocas, aprendizados, momentos de cumplicidade como se dali outros não fossem se repetir. Mais: o vigor das buscas, do experimentar e, principalmente, das percepções de si, do outro, dos outros. Mas ai, diria certa jovem, "seria querer demais, né, c. de xita?!".

Contudo, não seria querer demais ver o brilho nos olhos daquele homem tão jovem e tão forte e seus sentimentos aflorarem sem medo e sem entraves, porque tão belos quanto seu coração, são; e sabê-lo vivo e comigo até a velhice (minha, primeiro rs), mirando-me com aqueles 'olhos de capetinha' e aquele sorriso matreiro, dizendo: "Talvez!". Assim como sair do coração daquela outra bela criatura como mulher pra dar lugar de vez à candura de uma amizade forte e sincera. Também ao que espera (mas não busca) sua paz, ter a noção do seu entorno e de tudo e todos, incluindo seu 'perfume de jasmim', tomando posse do que é seu. E as duas almas gêmeas mais pares que podia haver? Que criaturas são aquelas?! Mais pareço-lhes o regente. Como pode?! =O E todos os rasos, toscos, ralados, cdx...
Algumas respostas vêm do cotidiano, mas as demais, um dia descubro. Até lá... vou 'talkeando' com Levi-Strauss e me deliciando com os mythos que aportam por um 'desvendar, desnudando os significados' e que tem muito a ver com tudo isso!
Minha criança, consegui cumprir a promessa do texto?!

#mpeqgaptam

Amor n°. 2!

Há dias fiquei de fazer um texto para minha criança, mas fui adiando, adiando e agora, ao abrir o blog, no rascunho, encontrei esse 'poema' (?), texto ou o que quiserem chamar que fiz em outubro de 2010 para uma pessoa muito especial, que há quase duas décadas está comigo. Então, resolvi publicar, pra meu 'Amor n°. 2'. Só tem sentido pra nós, a começar do título e é isso que importa!

"És meu amor primeiro
tua alma triste me oprime o peito
e as faz descer. Não compreendes?
Por Deus, não desanime nem o redor
sufoque teu lindo sorrir

Que será de mim, meu amigo-tudo
lá, no futuro, se não puder tocar?
nem o rebento por ti desejado a trazer aos braços
já não tão distante, todo o acalanto, todo o aconchegar

Não me alegra saber-te triste
tua tristeza é minha, mestre dos caminhos
confiaste a intimidade outrora e nas belas frases
boquiaberta deixava-me, a embebecer

Não te entregues agora,
o hoje, fomos buscar
e mesmo no meu egoísmo mútuo,
meu amor transcende qualquer passo teu,
qualquer caminhar

Não desista agora,
olhe-a anunciando as novas
deixe que seu brilho tome todo o espaço
e num desabafo, permita-me a companhia
de alguns momentos teus olhos mirar

porque és meu amor primeiro, e esse posto
nem cores, andantes ou anunciados
de ti conseguirão tirar!
és meu amor primeiro, meu primeiro par!"


13.10.11

Encontrar o mar...

Senhores,
a vida às vezes se apresenta como o olhar daquela 'dona', que me encantou!
Por isso, no 13 de hoje, aproveito o encontro com o mar e os recados da vida para as respostas, que ora acalmam, ora bravias como ele, adentram em mim....me resta a permissão!

"Há belezas que são pares,
mas seu vigor depende de pequenos e grandes gestos.
A minha beleza encontra a tua, quando as vendas se deixam cair,
mas tornam-se assombrosas, se não percebes o que está ai, aqui, em todo canto...
porque só há o belo, nesse caminho, quando as energias
que as mãos tocaram de costas pra um tempo só
cuidam dos corpos, dos sonhos e do encantar,
mas todo encontro é aprendizado, não esqueça
e mesmo os elos do oculto se deixam quebrar.
Deixarias, tempo meu, que se quebre o caminhar,
e de belo se torne feio esse conto, esse meu cantar?!"

Ps. Não te 'quedas', 'amiga' minha, não é pra vocês esse dedilhar!