1.4.12

Morte: fim, começo, fim, começo, passagem!

A morte... 
Quando ganhei esse blog há quatro anos, lembro que um dos primeiros textos foi sobre a partida de uma menina que vi crescer e que estava no auge da vida. Penso que você deve lutar pela vida sempre, até o último fio de esperança possível, porque ela é linda, é uma dádiva. Mas quando a morte dialoga com ela, assumindo as rédeas da situação, não há o que fazer. Meu pensamento já era o que hoje tem se alicerçado: sentir e ver a morte diferente do que muitas pessoas sentem e veem. Talvez os seis anos de Humberto de Campos tenham contribuído para isso e esses últimos meses só fizeram acentuar meu pensamento. Não se trata de indiferença, descaso, mas sempre a vi como uma passagem, um novo começo ou um novo fim; mas sem a mesma carga que muitos dão, sem a mesma força que perpetuamos sobre ela. Sofrimento temos todos diante dela, lágrimas, saudades, lembranças que o tempo vai atenuando... e mesmo quando não somos nós ou alguém que nos é caro, a dor do outro é sempre 'par'. Contudo, não é a perda em si que me faz 'tremer na base', mas a forma em que ela se dá que me deixa triste, o que desencadeia outras situações - mortes violentas, sem explicações, sem sentido (a priori) me causam dor, me deixam sem algum entendimento, mas a morte em si, não. Aquela pessoa que desejar, sonha, luta tanto por algo, que espera apenas mais uns momentos presente com os seus, realizando, atuando, vivendo; ou que simplesmente tem tanto pra dar, pra ensinar, pra cuidar, mas a vida parece já lhe ter determinado o tempo. Como lidar diante de situações assim?

Depois de um sonho 'sinistro', sem sentido algum para mim, a priori, e de uma viagem cansativa, que valeu muito a pena, por testemunhar a realização de um sonho (casamento de uma amiga-irmã!), soube da morte do irmão de uma rasa. Curioso que no dia anterior à morte, a primeira pessoa que ela citou, fora ele! Foi só a partir de mais informações sobre a morte, que compreendi a mensagem 'sinistra' que me foi enviada. Enfim, coisas dessa nossa vida cheia de seus mistérios!
De qualquer forma, um amigo fez, sem precisar pronunciar uma palavra, com que parte de mim se sentisse egoísta, por não, ao menos, dizer o que uma pessoal em uma situação normal diria; até porque, ao perguntar, eu já sabia e já tinha feito, do meu jeito, o que devia fazer numa situação dessas e que não precisa ser mostrado/dito a ninguém. Ao mesmo tempo, outra parte de mim, a que prevalesceu, sentiu-se tranquila com relação a isso, porque sinceramente não consigo ver a morte - A MORTE - como quase todo mundo. Não sei se isso é bom ou ruim, mas é como penso, como sinto. E proferir palavras de conforto, mesmo pra quem não tem a ligação sanguínea, mas tem outras fortemente marcadas com quem sofreu a perda, o que quer dizer estar cumprindo sua obrigação ali, mas o coração desejar estar também lá, confortando, partilhando... é como se essas palavras ganhassem força e se transportassem a quem está precisando delas! Elas não vieram de mim através de palavras, mas de outra forma, que um dia ele saberá!
Que ele faça uma boa passagem, que ela tenha força e fibra e nossas vidas caminhem com a permissão do Criador, sem mágoas, sem revolta, com sabedoria, serenidade e consciência de que o outro é tão ser humano e falho quanto nós somos!