2.10.10

Não foi só 3 de outubro. Foi 3 de outubro!

Eu bem que tentei ser suscinta ao escrever esse texto, mas não consegui. Eleições só de 4 em 4 anos. So sorry! Comecei esse post dia 2 de outubro, ou seja, véspera das eleições. Ainda não havia sido confirmado o resultado, mas como (não) previam as pesquisas e contrariando muitos, deu 2° turno!
Ao assumir o Governo no dia 1°de janeiro de 2011 o próximo presidente vai estar sob o comando de uma economia em crescimento, um PIB que deve chegar a 7,5% ainda em 2010; uma inflação sobre controle, sediando a próxima copa do mundo dentre outros. Por outro lado, a crescente taxa de consumo que implica num maior (não necessariamente melhor) poder aquisitivo da população se não tiver atenção pode vir a ser um problema mais adiante (falta um link entre poder e manter), para além do desafio social, com indicadores que apontam números negativos ainda altissimos e continuarão a ser um desafio para os próximos anos - violência, educação, saúde, etc.

Confesso que essa eleição não trouxe o 'espírito (saudável) de disputas' - com embates pelo menos um pouco mais surpreendentes e também incisivos, com um diferencialzinho que fosse - que imaginei. Nunca vi tão morna e estática. Visualizo até Maquiavel retornando do século XVI e dizendo: "É! Eu bem sabia que, apesar das duras críticas, mesmo tendo em vista a época, minha obra continuaria a tomar corpo e voz!". O italiano que escreveu sobre o Estado e os governos de uma forma distinta, trazendo à campo como de fato eram - apesar de figurar numa época renascentista - não estava tão distante assim do que seria o que se pode chamar de 'pseudo política contemporanea'. No frigi dos ovos, tudo gira em torno do/por poder, que por sua vez implica em muitas outras esferas não menos desejadas! Detalhe: em nenhum momento desmerecendo aqueles que trabalham por uma mudança, por uma nova construção social e democrática no país, onde de fato todos tenham voz e vez!

Nessas eleições, das muitas discussões que ouvi, ninguém escapou: os programas de Serra e Dilma eram parecidos; não seria a Marina a governar, caso eleita, e sim, determinada figura do PV; da mesma forma no caso da Dilma, quem governaria seria o Lula. Aliás, Dilma venceu também nos discursos alheios: sua escolha foi uma espécie de plano B, porque o Dirceu estava manchado por conta do mensalão; que será facilmente manipulada; que foi construída pelo PT para disputar as eleições...mas há também quem acredite que o tiro sairá pela culatra e ela colocará as mangas de fora, dando uma volta em todo mundo e tomando gosto pelo poder, assim como a polidez e mansidão da ex-ministra é/foi uma capa criada e que a 'mãe dos pobres' nada mais seria que um sargento disfarçado.
No caso do Serra, que se perdeu ao não aceitar a presença do FHC, ao se precipitar e tomar algumas decisões erradas, prejudicando-o na campanha por não querer 'dever favores'; ao querer ser o 'Zé' e, principalmente, por não adotar a postura de 'Oposição' e sim, também de continuação (o que teria lhe tirado alguns eleitores fieis e antipetistas).
Os demais candidatos mais pareciam estar nessa labuta que é a corrida eleitoral pra contrapor em alguma medida com os demais e, por que não, descontar alguns poucos votos. All is possible?

Talvez seja muita pretensão minha discorrer mais uma vez sobre esse assunto, mas sempre ouvi que em política, os inimigos de hoje são os aliados de amanhã e vice e versa; e não é difícil imaginar a conjuntura que se formará na plataforma do próximo governo, que independente de quem for, terá, de certa forma, as mesmas medidas: as alianças, os acordos prévios, as concessões que são planejadas ou acordadas bem antes de a corrida oficial começar, e que só não se consolida em casos muito especiais; os partidos que deverão compor através das indicações, mesmo que essas nem sempre sejam do agrado de quem está no poder, afinal, foi preciso a aliança pra que se chegasse à vitória (ou pelo menos que se tentasse chegar a ela!) dentre outros. No fundo, a formação de uma teia de favores devidos é inevitável e os interesses formadores são a aranha a tecer a casa!

Também nunca escondi minha admiração pelo Lula e sua trajetória política quando ainda sindicalista, assim como reconheço algumas de suas 'afoitas' falas, posições, atos... Não, não acho que ele seja o 'senhor dos senhores' nem os 8 anos de governo foram perfeitos, mas não posso deixar de admirar a perspicácia e inteligencia (e por que não dizer também vaidade?) que fizeram-no o que hoje é e representa em âmbito nacional e global. As derrotas passadas deram-lhe o que muitos dos seus adversários doutores não conseguiram: aprender e apreender a política pela base e pelas laterais (dá pra entender o que quero dizer com isso?). Se permanecesse no antigo discurso dificilmente teria chegado à presidência; e se perdeu a referência esquerdista primada no início ou não são outros quinhetos que não me cabe (nem tenho cacife) pra discorrer.
Porém uma coisa é fato: Dilma não é Lula; e Serra é mais ferrenho do que quer aparentar.

Acredito que Dilma seja consciente que se sua vitória se confirmar, não terá sido mérito seu (temos que reconhecer!), e sim da representatividade do presidente Lula. Não fosse sua imagem ligada à dele e o discurso de 'nós fizemos', para além de outros detalhes (programas bem sucedidos - sejam eles continuação do governo anterior ou não! - e etc) sua vitória, se existisse, seria bem mais difícil. Já Serra, se por acaso virar o jogo, creio que se deverá em grande parte à migração de alguns votos verdes e também de uma metodologia diferente do 1° turno (se ele não aprender agora, não aprende mais!).
Independente de quem for eleito, não podemos esperar que se faça milagre, nem que todas as promessas serão cumpridas. O problema do Brasil ainda é remanescente do período colonial e não se muda do dia pra noite uma história como a nossa; mas o trabalho constante, a colaboração de todas as esferas, dentre as quais a sociedade, é um contributo decisivo no processo de mudança efetiva, positiva e democrática!

Sinceramente, não aponto o dedo pra nenhum, embora ainda veja o Serra como barrista. No caso da Dilma, não digo que a admiro nem o contrário; pois na realidade, pode-se conjecturar que sua real história política se construirá agora. Confesso que, apesar de muitas vezes sua figura transparecer receio, ela melhorou muito nos debates, nas respostas e postura e penso que não é tudo que se diz (de ruim!). Os bastidores dizem bastante, é verdade, mas diminuem e aumentam de acordo com os interesses; logo, muito do que se fala sobre Dilma quanto à sua severidade dentre outras coisas, pode até ter fundamento, mas ela também pode ser uma boa surpresa. Quando o Lula venceu a 1a eleição o Brasil ficou um caos por conta do medo que se tinha do que seria o seu governo, que já estava tachado como um desastre e aconteceu justamente o contrário. Só nos resta esperar pra ver. Acho que fica claro de quem foi meu voto,ne?
Foi um voto consciente, mas também solidário!

Que venha agora o 2° turno. Seja qual for o resultado, desejo boa sorte para o próximo presidente! Minha parte, enquanto cidadã, pesquisadora ...continuarei a fazer!
Se der Dilma, a resposta para se será a continuação, um novo começo ou tudo do avesso, os próximos 1.460 dias serão a resposta. Se der Serra, bem...que os prognósticos (ruins) não se repitam!

3 comentários:

Macaco Pipi disse...

putz
nao vai se repetir
nao podee!

Marcos Costa Melo disse...

Concordo com grande parte da tua análise.

Acho que a eleição está aberta, apesar da grande vantagem da Dilma.

Espero que ela vença, mas não me surpreenderei se o Serra virar o jogo.

abs

Mariana Somensi disse...

esse segundo turno está evidentemente marcado pela falta de opção.