19.7.09

"Todo Domingos"

Estávamos eu e uma tosca conversando no google talk, quando Albert resolve tomar posse do google, invadindo-o com o link da página de Flávia Bittencourt e seu novo disco, em homenagem ao mestre Dominguinhos. Santa hora que ele o fez! Desde os meus tempos de rádio que já acompanho o trabalho de Flávia e para mim, cada tempo que passa ela amadurece mais enquanto cantora e esse novo disco não me desmente. Está simplesmente maravilhoso! Já sabia que ela o estava preparando, mas pensei que só teria acesso ao voltar pra Ilha. Pra minha sorte, não foi assim. Que bom!

Flávia Bittencourt é maranhense e seu primeiro disco, Sentido, já mostrava o que essa jovem prometia. Infelizmente, em São Luis, muitos são os nomes que têm que sair do circuito local para tentar uma chance no eixo Rio-São Paulo e com ela não foi diferente.

Todo Domingos faz uma leitura de grandes composições do pernambucano Dominguinhos, grande sanfoneiro e compositor da nossa música popular brasileira, que conviveu com nomes com Luis Gonzaga e outros. No disco, clássicos como Eu só quero um xodó, Arrebol, Contrato de Separação, Retratos da Vida, dentre outras músicas que falam do sertão, do amor, com simplicidade, com uma poesia singular do mestre. Com arranjos bem característicos do estilo Flávia Bittencourt, o disco conta com a participação do próprio Dominguinhos em muitas faixas na sanfona e divindindo o vocal na faixa "Diz Amiga". Pra não negar as raízes, na música Abri a porta, podemos sentir um pouco do reggae do Maranhão nos arranjos desse sucesso. Ficou tudo de bom. Outro destaque fica por conta de Arrebol, onde, como citou Albert no twitter, o falssete dela está um espetáculo!
Antes eu via uma Flávia mais tímida, mesmo nas entrevistas; ainda com certa insegurança. Hoje, ela está mais madura e segura de si no palco, entrevistas e tudo mais.

Começei a ouvir as músicas e a deliciar-me com os arranjos, as letras (Dominguinhos é Domiguinhos!), mas foi em Retratos da Vida que me vi, do nada a chorar. Bateu-me uma emoção com essa música que tantas vezes programei na voz de Djavan...não sei! Música, para mim, é uma coisa muito especial e esta, tem 'q' saudades de casa, de histórias...

Bom, o melhor em tudo isso é que no site de Flávia (www.flaviabittencourt.com.br) podemos baixar todas as músicas do disco. Pra vocês, deixo o vídeo com outro clássico: Lamento Sertanejo, que me lembra João do Vale, outro grande nome, mas que fica para um outro post, pois João é João!
O show de lançamento em São Luis acontece dia 23 de julho, no Teatro Artur Azevedo. Só posso desejar boa sorte e sucesso!
Parabéns, Flávia!

2 comentários:

Anônimo disse...

Depois desse dia aí em que a gente foi-se encantando com o cd da Flávia e tu me disse que começou a chorar do nada, eu,voltando pra casa, fui ouvindo as músicas no mp3.
Aí quando tocou novamente "lamento sertanejo" lembrei do que tu dissestes e quis entender teu choro gratuito e me deu grande vontade de te abraçar.
Mas isso é coisa que a gente resolve logo mais.

Quanto ao cd, começo a compreender também a postura profissional da Flávia. Até então, a compreendia como uma cantora que gravava por intuição, que se reconhece boa cantora,que quer apenas cantar e compor suas músicas, mas que ainda não conseguia visualizar bem sua identidade musical enquanto artista.

Neste segundo trabalho ela já se dá conta disso, está com uma técnica, com sensibilidade, solta a voz, revela suas possibilidades como intérprete, acerta no repertório e não cai no senso comum.

Confesso que fiquei meio desconfiado sobre o que poderia ser este novo trabalho quando soube que ela gravava Dominguinhos. Pensei, "hmm, vai ser mais projeto de cantora que grava um compositor e faz carreira em cima do sucesso do outro que tem história". Mas foi o contrário. Dominguinhos está ali nas composições, dividindo vocal, arranjando, mas privilegiadamente está a Flávia: uma intérprete que não é mais uma cantora da nova geração a gravar sambas. Ela vai para o nordeste, ela reflete a beleza do que nós, nordestinos, temos como essência que é a alegria, a cor, a festa que brota de onde poderia ser somente tristeza, pobreza e miséria pela desigualdade social. Ela mostra que nossos valores são outros e por isso a canção que brota de quem se reconhece sua naturalidade, igual ao broto de vida que nasce da terra seca com as primeiras gotas da chuva. É beleza e esperança.

Espero que todos percebam isso.

(Depois Luana me chama de babão)

Dona Reis disse...

Agora me fizeste emocionar de novo, mas com sua palavras a respeito da essência nordestina, nossa essência tão valente, tão melódica e cheia de talentos.
Então ela tem que chamar a nós dois de babões, pois não sei quem é mais babão dos dois (rs)!
Te amo!