Conversando por e-mail com um jovem e querido raso sobre sensibilidade e coisas mais..., fui questionada quanto à possibilidade de escrever. Nossa! Quisera eu ter o dom de escrever poesias, pequenos poemas (pra mim, é sim um dom!)...eis que além do referido raso (que também escreve poesias), encontro a de um outro jovem 'muy precioso'. Quando a li, adorei de primeira, principalmente por falar de uma região tão nossa e tão esquecida!
Meu anjo, eis o prometido!
Nordeste
(Herom Salomão)
Sentado à beira do caminho
Os pés rachados em cima da poeira
Sem canto, sem sina, sem ninho
Contemplando do mundo a sujeira
A carroça vai logo passando
Levando embora a lembrança
No pau-de-arara balançando
Caboclos suando a esperança
Jaz no nordeste brasileiro
O cansaço da dor angustiada
Do menino-homem que por dinheiro
Já aprende cedo a pegar na enxada
Ordenhando as cabras entre espinhos
Vai o jagunço sorrateiro
caçando a raposa em seu ninho
Pra proteger o galinheiro
A estrada é pedra, piçarra e lama
Bosque farpado, caatinga cinzenta
Vendendo suor barato e sem fama
Do trabalho lavrado que o esforço aguenta
Nordestinos, sois heróis desconhecidos
De semblante crespado e resistente
Não se acovardam de menos favorecidos
Na vida difícil do nordeste quente
Acordar na hora junto dos passarinhos
Volvendo a roça, em terra nos pés
Firmando o arado, num jumentinho
fadiga, do nascer do dia através
Meu nordeste tão querido!
Onde mães pranteadas choraram
Resiste só o cacto ressequido
Das chuvas que atrasaram
Sertões de sede e sem viço
Inocente terra sem luz
Largue de mão o "padim ciço"
E vá pedir a Jesus
Meu nordeste tão querido!
Vendo teu desespero, choro sozinho
Quando tenho em viagens ido
Sentado a beira do caminho
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