28.1.08

Que nêga é essa, minha gente?!

Essa semana o programa Música Nova, da Rádio Universidade FM, ficou para mim! Seria mais um programa a fazer sobre música (o que sempre adorei) não fosse a personalidade musical da semana...nada mais nada menos que a Embaixatriz do Samba: ELZA SOARES com o cd Beba-me (ao vivo)!

A princípio, fazer esse Música Nova sobre Elza Soares pareceu-me um desafio. Falar de Música já é uma coisa muito pessoal, pois gosto é gosto; mas Elza é um ícone da Música Popular Brasileira, não só por seu talento como por sua trajetória. Imagine se minha diva musical, Clara Nunes, estivesse viva e em vez de Elza fosse ela?! Acho que tinha um infarto! (rsrsrs)...

Como de praxe, que aconteceu e acontece com muitos outros nomes da música nacional e internacional, Elza Soares padeceu (e muito) para vencer como cantora, numa época em que mulher cantando era considerada prostituta ou algo parecido. Sempre foi precoce, brejeira e exageradamente autêntica. Autenticidade que a acompanha até hoje!
Aos doze anos casou-se, logo foi mãe. Aos dezoito ficou viúva. Cantava na igreja e desde criança, sua voz grave e peculiar já apontava para uma trajetória de sucesso, desde que ela lutasse por isso; e foi exatamente isso que Elza fez! Correu atrás do seu objetivo e em 1962 já emplacou seu primeiro sucesso. Como no caminho de uma mulher sempre tem um homem "raso" a enfeitiçar seu coração, chegou Garrincha e arrebatou o da nêga! E entre idas e vindas, confusões e bebidas, Elza sobreviveu. Talvez, sua maior dor tenha sido a perda do filho Garrinchinha, acho que em 1983. Mesmo assim, ela deu a volta por cima e continuou a luta.

Em 2007, a cantora laçou o disco Beba-me (ao vivo). Nesse trabalho, Elza passeia por antigos e novos compositores do samba nacional. Vai desde Zeca Pagodinho a Noel Rosa. Sem dúvida um belo e contagiante trabalho para aqueles que curtem um bom samba.

Lançado pela Biscoito Fino, o cd traz interpretações belíssimas e bem ao estilo da nêga. De todos os programas que fiz até hoje, o Música Nova de Elza Soares é o mais prazeroso e também difícil por se tratar de quem é. Fiquei encantada pela forma como ela passeia pelo samba com a propriedade de quem diz: "Êpa, desse terreno eu manjo!"
Quando soube que seria eu no encargo, fiquei muito feliz! Não sei se essa sensação de alegria se deu só por se tratar de Elza ou por todo o universo de canções e histórias que esse disco e a própria figura da nêga possuem. Às vezes acho que nasci na época errada por gostar tanto de coisas antigas, principalmente música. Independente disso, o programa estará pronto amanhã.

Hoje, Elza esbanja vitalidade. Muitos criticam os contornos atuais do seu rosto. Confesso que não precisava tantas plásticas para que ela continuasse uma "senhora negra". Mas...cada um sabe onde aperta o calo e até que ponto pode ir.O certo é que aos 71 anos de idade, sra Soares continua com sua voz rouca, jazzistica a encantar-nos!

E salve, Elza!
Pra quem quiser ouvir um pouquinho do novo trabalho de Elza Soares, amanhã, às oito da noite, na 106, 9 ou http://www.universidadefm.fm.ufma.br/

Até a próxima!

4 comentários:

Anônimo disse...

Elza talvez tenha sido uma das cantoras mais modernas e inventivas dentro da MPB, sobretudo no samba.

Queria ouvir algo dela com Louis Armstrong.

Agora ela realmente parece um passarinho rouco e muito maltratado que tenta a todo custo sustentar a vida e seu ofício que é o de cantar.

Espero estar em casa pra ouvir.

Cheiro!

Polyana Amorim disse...

gosto dela no início da carreira, hoje em dia, penso que ela força um pouco a barra.

Polyana Amorim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luana! disse...

Esse post me lembrou a adoração de Pedrin a cantora e a antipatia (natural) de Polyana pela mesma.
Pena não ter ouvido o programa, mas sei que deve ter sido um arraso.

Beijoooooooo