5.2.13

No dia da rainha, um rei!

A vida te conduz às vezes de uma forma tão espontânea a situações e encontros, que quando você se dá conta já está 'enraizado num terreno que sempre fora seu!'. Acho que assim foi comigo! 

Até hoje me pergunto por quê fui parar naquele cantinho (para mim) sagrado, escondido no meio do mundo e por quê de uma hora para outra (ou no tempo certo?) fiz o que fiz; e quando o faço, considero que o acaso se faz de bobo para não delatar sua condição de guia, sobretudo quando se tem um legado sem nem mesmo saber disso. E guiada por ele, fui! De uma simples curiosidade começou a ser construído um caminho, que à proporção que o tempo foi dirigindo, ia também edificando uma relação entre uma constelação e uma jovem na ignorância do que lhe pertencia - por herança ou por escolha!

Cada caminhada, cada experiência, cada olhar bobo e temeroso de ter revelado seu medo pelo desconhecido, seu insipiente conhecimento diante de um hemisfério de energias pulsantes, sabedoras do mundo, de nós, do todo, cada movimento presenciado...tudo... foi me encantando e transformando de tal forma que hoje não saberia 'separar o que não é possível, desatar o que não é desfeito, desamar o que não é de amor'. E no meio desse universo meu, o acalanto de uma jovem e linda mulher, de uma amizade que não sei definir, uma cumplicidade que já é parte de mim e sabido por todos; e como sou feliz por isso! 

É na solidão daquele chão batido que me sinto cercada; é no balançar daquela cadeira que me sinto parte; é ao mirar aqueles olhos velhos que me sinto forte; saudosa apenas do sorriso que por duas vezes vi! Tudo é parte, tudo é conjunto do que hoje sou.
Como não ficar admirada diante de tanta sabedoria? Como não me deleitar diante de tanta força distinta e una ao mesmo tempo? Como não me envaidecer diante de um olhar sincero e amoroso de quem sabe mais de mim do que eu mesma? Como não ficar extasiada ante uma riqueza tão grande, tão bela, que dança e ensina, que chora e abençoa? Eu fico! Talvez por isso, muitas vezes penso que realmente sou diferente dos demais por pensar assim; outras, que por conta disso, o diferente em mim não é normal, mas é!

Hoje sinto que essa foi minha melhor escolha, meu melhor caminho, porque não é aos do lado que me direciono, mas aos do todo, que encontrei e que me encontraram, que abracei e que me abraçaram com amor. Foi por eles que fiz o que fiz e que faria e continuarei a fazer sempre e sempre que preciso for, que chamada for, porque apesar de todas as vicissitudes que de mim emanam, é amor o que para eles ecoa, junto com as lágrimas que teimam sempre em acompanhar.

Recentemente um anjo perguntou sobre o que senti diante daquela que talvez tenha sido uma das mais difíceis, belas e fortes experiências que busquei e vivi nos últimos tempos, parte desse todo de que falo, e minha resposta primeira foi: interessante! Mas o que ele não sabia é que em mim um turbilhão de sentimentos se revesavam entre encantamento, barreiras, ancestralidade, acalanto, medo, inquietude, sabedoria, aconchego e também solidão, mas sobretudo, de muito respeito e amor por tudo aquilo, por todos aqueles seres, em especial aos que estiveram todo tempo ao meu lado: meu velho e minha Maria! Por isso, considerando que esse anjo refaz agora sua pergunta, respondo-lhe: foi lindo, mágico e você também é parte disso; junto com aquele cuja ausência senti n'alma. Fui presenteada diversas vezes por ter sido feito por quem foi, pelas palavras daquele sábio Zé sobre mim, quando não sou merecedora de tudo isso, porque não sou, pela companhia real da última noite e tudo isso não tem preço...pois o dia era da rainha, mas quem veio foi o rei!

À minha Maria, meu amor e gratidão eternos; ao meu velho, mãe e povo, o "meu todo"!!!

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